Uma actividade de todo-o-terreno ao Domingo não é tão comum assim e dá a oportunidade a muitos de poder entrar neste mundo da aventura TT. Se o convite, neste caso só para jipes, for uma visita à “encostas e zonas de montanha da Região Demarcada do Douro”, o desafio é quase irrecusável.
Tabuaço fica no Norte do distrito de Viseu, na margem Sul do Douro, entre Armamar e São João da Pesqueira. Apesar de não serem tão evidentes como noutros locais, também aqui são visíveis as marcas que deram a esta zona o título de “Património Mundial” e, infelizmente, as manchas (lixeiras descontroladas) que o podem retirar…
Depois de preparar os estômagos em Tabuaço, à espera da caravana estavam quase onze quilómetros e meio reservados para a etapa matinal, em que ficou evidente que este percurso merecia o título de “passeio turístico”. Este não pode ser considerado um “raide”.
Logo ao terceiro quilómetro uma passagem de água, em que a maior dificuldade era o piso de rochas trialeiro, mas com a possibilidade de passar pela ponte. Mais três quilómetros e a primeira paragem é em Távora parar saborear umas cerejas dado que, pelo que se ficou a saber do roteiro (road-book), reclama a insígnia de “Capital da Cereja”. Esta informação é um pormenor, tal como a colocação de placas de sinalização nalguns pontos do percurso, revelam um cuidado organizativo merecedor de destaque.
Mais três quilómetros e surge a primeira dificuldade do dia, numa zona de obstáculos, primeiro a descer e depois com uma “picada” mais selectiva que não estava ao alcance de todos.
Mais alguns metros e a caravana chega ao Parque de S. Mamede, onde uma pista trialeira natural colocava alguns desafios e de onde alguns agradeceram o auxílio dos bombeiros para sair.
Terminada a diversão, tempo de retemperar forças num excelente almoço ao ar livre e no final a possibilidade de fazer “slide”. Uma agradável surpresa.
De novo em marcha para os quase 28 km da tarde (39,1 km no total), não foi preciso esperar muito para atravessar Paradela e encontrar uma “picada” onde foi possível ver bons momentos e em que, sabendo de antemão não estava ao alcance de alguns (pelas máquinas ou pneus) e tendo em conta as alternativas do percurso, o acesso deveria ter sido controlado mais cedo, para evitar atrasos evitáveis.
Retomado o caminho, tempo de rolar um pouco, passando pela “Pedra do Cavalo”, pelo cruzamento de Santa Luzia e parar em Chavães. Não que estivesse programada mas porque alguns (…) acharam por bem parar junto ao pelourinho e complicar a vida aos restantes participantes e pior, aos habitantes da localidade. Há que salientar este episódio (não único) que só mostra falta de respeito e de civismo. Há que ter a certeza, no entanto, que há pessoas com um baixíssimo quociente de inteligência que reconhecem o valor destas duas palavras, o que leva a perguntar: será este o espírito da aventura todo-o-terreno? Adiante!
O percurso tarde trazia uma agradável variedade de caminhos, alguns certamente com interesse dobrado no Inverno, e ainda a possibilidade de entrar na Reserva Douromonte onde, já com 17 km percorridos, uma extensa vala de água (que não vinha no roteiro eem boa altura incluída) dava a possibilidade de alguns tentarem a sua sorte. Contam-se com os dedos de uma mão os que a encontraram, tendo os bombeiros que sair em auxílio de alguns.
Não muito longe surge a primeira das duas picadas finais. Uma mais extensa e outra mais técnica, com uma paragem para refrescar entre elas. Ambas reclamaram, no entanto, a sua máquina pela ousadia (ou ímpeto desmesurado) dos seus condutores. Ambas com a possibilidade de, para quem quis parar, poder assistir ao desenrolar dos acontecimentos.
A comitivas parte para o último troço, que seguia por Barcos, já com o Sol bem perto do horizonte e o jantar final com mais de 60 convivas, em Tabuaço, acabaria por fechar da melhor maneira um dia em cheio.
Para finalizar, a organização (o Clube TT MontesTTraveços) pode ficar ciente que, se tinha algo a provar, já não o precisa provar mais. O seu esforço falou por si e não é de acreditar que haja quem tenha participado neste “passeio” e se tenha arrependido. Certamente isto vai-se notar no futuro. Agora vem o mais difícil… manter o tão alto nível de qualidade e continuar a surpreender, sabendo que há sempre espaço para evolução.
PONTUAÇÃO (0-5):
PERCURSO TOTAL: 4
Zonas difíceis: 4
Passagens de água: 2
Paisagens: 4
Grau de dificuldade: 2
ORGANIZAÇÃO TOTAL: 4
Roteiro (Road-book+placas): 4
Apoio no terreno: 3
Bombeiros: 4
Apoio médico: n.d.
Refeições: 4
Alojamento: n.d.
Notas à organização:
1) Há que acabar com o vício de que, em Portugal, nada começa a horas. E menos de um quarto de hora de atraso deve ser, para já, uma meta.
2) Um “briefing” é fundamental para lembrar o regulamento do evento e reforçar questões ambientais e de civismo.
3) Porque não é fácil, colocar pessoas a controlar todos os cruzamentos com estradas principais é sempre valorizado.
4) É possível que muitos tenham deixado de confiar nos nomes que as organizações colocam aos eventos mas quem vai a um “raide” e afinal é um “passeio” fica defraudado e quem quer ir a um “passeio” e acaba num “raide” não pode ficar satisfeito. Há ainda a considerar que a escolha deste “título” pode afastar, em qualquer dos casos, potenciais aventureiros.
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Tema de fundo: KILL CONTROL - "Hiding In The Dark"
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